A Seleção Brasileira de Futebol vive em 2025, um momento decisivo em seu processo de reconstrução.
Após anos de expectativas frustradas e decepções em Copas do Mundo, o Brasil tenta se reorganizar sob nova direção técnica, apostando em uma geração talentosa e em um novo modelo de gestão esportiva.
Com a Copa América de 2024 já no retrovisor e a Copa do Mundo de 2026 no horizonte, o futuro da Seleção depende de decisões estratégicas que envolvem não apenas jogadores e treinadores, mas também o torcedor, os clubes e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Novo ciclo sob o comando de Carlo Ancelotti
Em 26 de maio de 2025, Carlo Ancelotti foi oficialmente apresentado como o novo treinador da Seleção Brasileira, tornando-se o primeiro estrangeiro a assumir o cargo de forma permanente.
Após uma carreira repleta de conquistas na Europa, incluindo cinco títulos da Liga dos Campeões, Ancelotti traz sua vasta experiência para liderar o Brasil rumo à Copa do Mundo de 2026.
Sua chegada é vista como uma oportunidade de revitalizar a equipe, unindo a tradição do futebol brasileiro com a disciplina tática europeia.
Ancelotti estreia nos próximos compromissos das Eliminatórias Sul-Americanas, enfrentando o Equador em 5 de junho e o Paraguai em 10 de junho.

A nova geração: promissora, mas em construção
A boa notícia para o torcedor brasileiro é que o país continua revelando talentos em ritmo acelerado.
Em 2025, nomes como Vinícius Júnior e Rodrygo, já consolidados no Real Madrid, assumem papel de protagonismo na Seleção. Endrick, com sua ida iminente ao futebol europeu, representa a esperança de uma nova referência no ataque.
Outros jovens, como Estêvão e Luiz Guilherme, ambos oriundos do Palmeiras, começam a ganhar espaço nas convocações, enquanto jogadores como André, João Gomes e Gabriel Magalhães já são titulares regulares.
Essa nova safra traz uma vantagem importante: já atua nos grandes centros do futebol mundial, convivendo com exigências táticas, físicas e mentais de alto nível. No entanto, a juventude também exige cautela.
O desenvolvimento emocional e a adaptação à pressão de vestir a camisa da Seleção em torneios decisivos são fatores que ainda precisam ser amadurecidos.
Um modelo de jogo em construção
Carlo Ancelotti tentará um equilíbrio perdido: o Brasil que encanta e também compete. Nas últimas partidas, a Seleção tem mostrado mais consistência defensiva, com o goleiro Bento se firmando e a zaga formada por Marquinhos e Beraldo funcionando bem. No meio-campo, Ancelotti poderá apostar em jogadores de intensidade e marcação, como João Gomes e André, ao lado de meias com boa chegada, como Lucas Paquetá e Bruno Guimarães.
No ataque, a velocidade e a individualidade continuam sendo trunfos. Vinícius Júnior é o principal nome, sendo o mais decisivo da atualidade, enquanto Rodrygo e Raphinha disputam espaço. A entrada gradual de Endrick como centroavante titular também traz nova dinâmica ao setor ofensivo.
Ainda assim, o grande desafio é encontrar um modelo de jogo que valorize o talento brasileiro sem abrir mão da disciplina e da competitividade que o futebol moderno exige.
A relação com o torcedor e a CBF
Um dos principais entraves para o fortalecimento da Seleção tem sido sua distância emocional do torcedor brasileiro. Jogos amistosos fora do país, ingressos caros e falta de envolvimento com o público doméstico criaram um vácuo na conexão histórica entre o povo e a Seleção.
Além disso, a CBF vive momentos delicados em sua gestão. Denúncias de má administração e crises políticas internas continuam manchando a imagem da entidade.
Para que a Seleção volte a ser respeitada e apoiada de forma massiva, é fundamental que haja transparência, planejamento esportivo e comunicação clara com a sociedade.
A CBF precisa deixar de agir apenas com interesses comerciais e trabalhar de forma integrada com clubes, federações e base.

A preparação para a Copa de 2026
Faltando pouco mais de um ano para o Mundial de 2026, que será disputado nos Estados Unidos, Canadá e México, o Brasil ainda está em fase de construção. A classificação nas Eliminatórias está bem encaminhada, mas os testes contra seleções europeias continuam escassos.
Esse é um problema crônico que persiste: a falta de confrontos com as principais potências da Europa, responsáveis por eliminar o Brasil nas últimas quatro Copas do Mundo (França em 2006, Holanda em 2010, Alemanha em 2014 e Bélgica em 2018).
Para chegar forte ao torneio, o Brasil precisa encontrar adversários mais qualificados em amistosos, continuar aprimorando seu sistema tático e dar rodagem internacional aos jovens.
A experiência acumulada em clubes como Real Madrid, PSG, Manchester City e Chelsea será um diferencial, mas ainda será necessário transformar talento em entrosamento e confiança coletiva.
O futuro da Seleção Brasileira em maio de 2025 é promissor, mas exige ser tratado com responsabilidade, paciência e competência.
Há uma nova geração talentosa, um técnico com perfil agregador e uma base sólida em formação, porém, os obstáculos ainda são muitos: gestão esportiva falha, pressão por resultados imediatos e um futebol global cada vez mais competitivo.
Se conseguir unir tradição, modernidade e organização, o Brasil pode retomar seu lugar de destaque no futebol mundial. Mas, para isso, será preciso mais do que talento — será necessária visão de projeto, algo que, historicamente, sempre faltou.
A esperança está viva — e agora é hora de construí-la com seriedade.